sábado, 21 de junho de 2008
A Filosofia da Luz e a Abadia de Saint-Denis
O colorido e a exaltação da luz na rosácea de Sainte-Chapelle, Paris.
O nascimento do estilo, mais que o seu desaparecimento, pode ser definido cronologicamente com clareza, nomeadamente no momento da reconstrução da Abadia real de Saint-Denis sob orientação do abade Suger entre 1137 e 1144. Esta abadia beneditina situada nas proximidades de Paris, em França, vai ser o veículo utilizado à comunicação dos novos valores simbólicos: por um lado a dignificação da monarquia, por outro a glorificação da religião. Este empreendimento tem por objectivo apresentar o maior centro patriótico e espiritual de toda a França, ofuscando todas as outras igrejas de peregrinação, trazendo para si mais crentes e restabelecer a confiança entre a igreja e o seu rebanho.
Para materializar esta ideia várias fontes e influências terrenas vão ter de ser, no entanto, bem contabilizadas e fundidas. A cabeceira (zona este da igreja) vai ser emprestada das já existentes igrejas de peregrinação, com ábside, deambulatório e capelas radiantes, assim como a utilização do arco quebrado de influência normanda. A técnica construtiva dá também neste momento um avanço significativo contribuindo com a abóbada de nervuras (sobre cruzaria de ogivas) e que vai permitir uma maior dinâmica e flexibilidade de construção. O impulso destas abóbadas vai ser recebido por contrafortes no exterior do edifício, libertando o espaço interior e dotando-o de uma leveza extraordinária.
Mas mais que uma junção de elementos, o estilo gótico é afirmação de uma nova filosofia. A estrutura apresenta algo novo, uma harmonia e proporção inovadoras resultado de relações matemáticas, de ordens claras impregnadas de simbolismo. Suger, que é fortemente influenciado pela teologia de Pseudo-Dionísio, o Areopagita, aspira uma representação material da Jerusalém Celeste. A luz é a comunicação do divino, o sobrenatural, é o veículo real para a comunhão com o sagrado, através dela o homem comum pode admirar a glória de Deus e melhor aperceber-se da sua mortalidade e inferioridade. Fisicamente a luz vai ter um papel de importância crucial no interior da catedral, vai-se difundir através dos grandes vitrais numa áurea de misticismo e a sua carga simbólica vai ser reforçada pela acentuação do verticalismo. As paredes, agora libertas da sua função de apoio, expandem em altura e permitem a metamorfose do interior num espaço gracioso e etéreo.
O espaço é acessível ao homem comum, atrai-o de uma maneira palpável, que ele é capaz de assimilar e compreender, o templo torna-se o ponto de contacto com o divino, um livro de pedra iconográfico que ilustra e ensina os valores religiosos e que vai, a partir deste momento, continuar o aperfeiçoamento da mesma.
Pintura Gótica( Crucificação, de Giotto, Itália)
A pintura gótica, uma das expressões da arte gótica, apareceu apenas em 1200 ou quase 50 anos depois do início da arquitectura e escultura góticas. A transição do Românico para Gótico é bastante imprecisa e não uma quebra definida, mas pode-se perceber o início de um estilo mais sombrio e emotivo que o do período anterior. Esta transição ocorre primeiro em Inglaterra e França cerca de 1200, na Alemanha cerca de 1220 e na Itália cerca de 1300.
A pintura (a representação de imagens numa superfície) durante o período gótico era praticada em quatro principais ofícios: frescos, painéis, iluminura de manuscritos e vitrais. Os frescos continuaram a ser utilizados como o principal ofício pictográfico narrativo nas paredes de igrejas no sul da Europa como continuação de antigas tradições cristãs e românicas. No norte, os vitrais foram os mais difundidos até ao século XV. A pintura de painéis começou em Itália no século XIII e espalhou-se pela Europa, tornando-se a forma dominante no século XV, ultrapassando mesmo os vitrais. A iluminura de manuscritos representa o mais completo registo da pintura gótica, fornecendo um registo de estilos em locais onde não sobreviveu nenhum outro trabalho. Pintura com óleo em lona não se tornou popular até aos séculos XV e XVI e foi um dos ofícios característicos da arte renascentista
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Iluminura Gotica
Janeiro, mês da troca de prendas no “Les Très Riches Heures du Duc de Berry”. Na iluminura, o Duque de Berry, envergando um rico manto azul, está sentado à mesa junto dum fogão, protegido por uma quebra-fogo, cercado por serviçais e inúmeros cortesãos. Ao fundo, os cavaleiros preparam-se para participar numa justa.
Abadia de Westminster, Londres
É na Abadia de Westminster que os monarcas britânicos são coroados até hoje e onde muitos estão enterrados. Erguida pelo rei Eduardo, o Confessor, no século XI, a igreja sofreu várias alterações ao longo do tempo. A nave de 31 metros de altura, a maior da Inglaterra, é uma das principais características que filiam a construção integrada ao Palácio de Westminster e à Igreja de Santa Margarida ao estilo gótico. Patrimônio mundial da Unesco, a abadia de Westminster foi erguida originalmente entre os anos de 1050 e 1065.
Abadia de Saint-Denis, Paris
Inaugurando um novo estilo arquitetônico que acabou se espalhando por toda a Europa a partir do século XII, a abadia de Saint-Denis foi a primeira catedral gótica do velho continente. Em 1137, por iniciativa do abade Suger, o principal idealizador do estilo gótico, a igreja onde haviam sido enterrados os reis franceses sofreu sua terceira reconstrução. A reinauguração, em 1144, marcou o início de uma nova maneira de se enxergar Deus, com a substituição do estilo romântico, escuro e pesado, por uma construção que evoca a idéia de ascensão por sua amplitude e altura até então impensáveis, e por onde a luz exterior penetra facilmente, filtrada pelo colorido de grandes rosáceas e muitos vitrais.
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